Decidi juntar em uma série aqui no blog duas coisas que eu adoro: cinema e educação. Só para deixar claro, mesmo que vocês já imaginam isso, não vai ser uma série com uma periodicidade determinada, vai acontecer naturalmente na medida em que eu veja ou reveja filmes com essa temática. As vezes pode acontecer também do filme nem ser relacionado a isso (mas vou me policiar para que isto não aconteça constantemente) e que possibilite uma discussão sobre o assunto. Resumindo o que pretendo fazer nesta série: discutir a educação através e a partir de filmes com esse tema (ou não).
Revi Sociedade dos Poetas Mortos (1989) de Peter Weir e fiquei pensando muito em como métodos de ensino não tradicionais podem, ao mesmo tempo, despertar uma curiosidade dos estudantes em relação a vida, quanto ensinar os conteúdos importantes de uma grade curricular.
E o filme nos mostra que a educação e o papel do educador vai além da sala de aula, tanto por ensinar em diferentes ambientes, não se restringindo somente a sala de aula, quanto pelo professor ser uma figura que inspira os alunos a serem pessoas e versões melhores de si mesmos. Demonstrando que a nossa evolução enquanto pessoas passa necessariamente pelo nosso processo de aprendizagem. E aqui eu quero fazer um parênteses, quando eu digo “evolução” eu estou pensando em todas aquelas atividades que nos fazem evoluir enquanto seres humanos, enquanto pessoas que amam estar e viver. E isso fica bem claro quando o professor interpretado por Robin Williams diz que todas as profissões são relevantes e tem sua carga de importância para sociedade, mas amar, sonhar, ler poesias e tudo isso que nos engradecem como seres humanos também são atividades que devemos olhar com carinho e privilegiar no nosso dia a dia.
É claro que um educador que tem como visão de mundo e de vida educar para transformar pessoas em seres humanos melhor é visto por uma parcela de educadores tradicionais com um certo receio e consequentemente até com agressividade. Não é raro encontrar pessoas que buscam um método de ensino mais humanizado sendo desrespeitado ou mesmo descredibilizado por escolher ser assim. Afinal é isso que é, uma escolha. Todos nós temos a escolha de como pretendemos ensinar, podemos escolher entre fazer a mesma coisa de sempre ou tentar algo diferente.
Tudo isso me veio a mente quando estava revendo o filme. Pensei o quanto há pessoas que se recusam a simplesmente tentar algo diferente na sala de aula. E pior: atacam professores por tentar e alunos por exigirem aulas diferentes.
Tem um artigo de bell hooks no livro “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade” – que eu já citei em um artigo – chamado “Abraçar a mudança” onde ela narra a sua experiência de mudança de prática de ensino e de bibliografia. Ali ela cita o quanto foi importante para ela fazer isso e o quanto foi importante para os alunos. E claro, a resistência que ele teve nesse caminho. De uma certa forma, esse texto é uma inspiração e dialoga muito bem com Sociedade dos Poetas Mortos. Recomendo que, se tiverem a oportunidade, leiam o texto e revejam o filme.
Só para encerrar, recomendo tudo o que a bell hooks escreveu. Como crítico entendo que exista um Euller que pensava um cinema antes e depois de ler os textos dela. Como educador também. Ler bell hooks é um respiro de esperança e de ânimo para quem ama ensinar – seja na área do cinema ou em qualquer outa.