Em maio eu escrevi um texto sobre a Cinemateca. Na minha entrevista com o crítico Inácio Araújo em abril ele falou que uma das tarefas fundamentais da crítica de cinema nos dias de hoje era gritar sobre a atrocidade que estava acontecendo com o nosso patrimônio cinematográfico. Nada foi feito.
Aliás, é importante dizer, não fomos os primeiros, nem a coluna do UOL escrita pelo Ricardo Feltrin. Esse grito de socorro está acontecendo ao menos desde o ano passado e nada foi feito.
Aqui tem uma matéria do G1 onde é detalhado tudo o que vem acontecendo com a Cinemateca e eu recomendo que quem não sabe do histórico que entre na matéria e conheça. Muitas matérias sobre o assunto estão saindo hoje (e provavelmente continuaram ao longo das próximas semanas), se informe e entenda tudo o que está acontecendo. Entenda pois é importante que todos tenhamos noção do que está em risco.
Esse post não faz parte da série Exercício Crítico, mas há algo que eu tenho que dizer: se você é ou se diz ser um crítico de cinema e não se sentiu pessoalmente atacado com o incêndio na Cinemateca talvez seja a hora de repensar sua função. Aquele incêndio não destruiu apenas materiais, destruiu memórias. Destruiu uma parte da nossa história. Não é preciso nem saber quais foram os arquivos que foram perdidos para dizer isso. Tudo ali é valioso.
Novamente eu não sei qual é o verdadeiro objetivo de escrever esse texto. Há algum? Não sei. Acho que é mais para não ficar calado e sentir que pelo menos estou me expressando.
Espero que tenhamos menos perdas e que nosso patrimônio cultural seja preservado. Espero.
A imagem do post foi retirada de uma rede social