Está acontecendo entre os dias 15 a 25 de Julho o Festival Ecrã, online e totalmente gratuito. Pretendo escrever sobre o que assistir por lá e em relação aos curtas, farei pequenos recortes e comentarei os filmes por blocos. Esse primeiro será sobre os curtas “As Grandes Distâncias” que é brasileiro e dirigido por Matheus Zenom; “Abutre Negro” do estadunidense Kevin Jerome Everson e; “Azul Profundo” do colombiano Sabastian Wiendemann.
Os três curtas metragens dialogam muito bem entre si quando pensamos nos contextos em que estamos. A pandemia do coronavírus nos obriga cada vez mais a voltar o olhar para nós mesmos e contemplar o nosso interior e exterior. “As Grandes Distâncias” começa com um movimento contemplativo de baixo para cima. Vemos o chão, passamos para uma árvore e depois ficamos olhando o céu e as nuvens, essas tomando as mais variadas formas. Ficamos ali, como que viajando no tempo e nessas formas para depois, sermos novamente colocado no chão e na nossa realidade.
Em “Abutre Negro” não contemplamos formas da vida, mas apenas uma: a lua. Vemos as fases, as nuvens passando por ela, a escuridão quando ela não está presente, a ansiedade para que ela apareça logo. O movimento do céu e da lua te pega e te absorve.
Por fim, temos “Azul Profundo”. Nesse o que mais me chamou a atenção foi a descrição presente no site do Festival, “molas e apnéias entre mundos para resistir e reexistir à pandemia”. O mais imersivo de todos, vemos o azul, escutamos vozes, vemos formas, vemos uma mulher, voltamos as formas e terminamos novamente com a mulher. Aquele resistir e reexistir me pareceu o movimento de construção e de reconstrução que estamos passando, vivenciando e, talvez, revivenciando.
Provavelmente as interpretações que eu estou fazendo possam parecer uma enorme viagem. Talvez elas estejam erradas (há certo e errado nesse caso?) Não sei dizer, mas sei que o cinema é isso (podemos definir o cinema de alguma forma?), imagem e movimento, mesmo quando estão paradas na tela, estão se movimentando na nossa mente.