Filmes sobre pessoas e dias comuns me interessam, e muito. Um dos melhores filmes que eu assisti neste ano foi o Dias Perfeitos, de Wim Wenders que conta a história de um homem simplesmente ali, vivendo. E foi uma grata surpresa assistir ao filme de André Novais Oliveira sem saber absolutamente nada da história e ver que era um filme tão simples, mas tão bonito sobre a vida. Mas não se enganem quando eu falo que o filme é simples, ele possui uma complexidade grande, assim como a própria humanidade.
A simplicidade se trata do enredo: assistimos ao dia de um homem que sempre se atrasa para o trabalho e, por conta disso, acaba demitido. Este homem é Zeca (Renato Novais), no dia em que é demitido ele pega uma carona com Luísa (Gracie Passô) e bom, a partir daí o que vemos é a vida.
Vamos observando aquelas duas pessoas se ligando e se ajudando simultaneamente, entendendo as dificuldades quem os dois passam e, por conta disso, se apegando cada vez mais um pelo outro. É interessante ver que essa ligação se dá em um momento difícil da vida de Zeca, que o dia em que ele foi demitido por conta das suas questões psicológicas, foi o mesmo dia em que ele conheceu uma pessoa importante e que aparentemente vai mudar sua vida.
André Novais consegue nos envolver no cotidiano de Zeca desde o primeiro momento, com ele preocupado se vai conseguir acordar cedo para ir ao trabalho, insistindo muito e se tornando até uma pessoa chata e inconveniente por causa disso, para que o colega de quarto cumpra uma função que não é dele (mas ele faz por camaradagem). Observando ele indo ao trabalho, é quase que uma leitura do nosso próprio cotidiano, com ele lidando com os problemas que vemos no nosso dia a dia. Ônibus quebrando, enfrentando uma comida de procedência duvidosa, e um trabalho que possui seus pontos positivos, mas ainda assim é um trabalho.
Luísa também é uma personagem incrível. Ela chega na história e é impossível não simpatizar com ela. Com poucas palavras já vemos que ela realmente se importa com as pessoas e que é, acima de tudo, alguém que é gente boa. E o decorrer da história só confirma isso.
O final é um grito de esperança. É lindo e significativo ver Zeca finalmente (e graças a ajuda de Luísa) acordar cedo e vivendo. Temos um gostinho de quero mais, mas acho que essa é parte legal da arte né? Ela faz a gente ver coisas bonitas no cotidiano da nossa vida. Me lembrou de uma frase do Roger Ebert em um dos seus livros, e vou parafrasear aqui: bons filmes são aqueles em que assistimos e saímos querendo ser melhores, como pessoas, com a vida e etc. Não sei se é bem assim, mas que O Dia Que Te Conheci fez eu sentir algo semelhante.