Em alguma momento da sua vida, seja em prova, entrevista de emprego ou mesmo uma pesquisa você já teve que assinalar de que forma você se identifica, preto, branco, pardo, amarelo ou indígena? Não sei para você, caro leitor, mas conheço diversas pessoas que entraram em crise com essa pergunta, afinal, não sabiam de que forma se identificam.
Essa dificuldade de identificação é comum aqui no Brasil, vivemos em um país miscigenado, completamente misturado. O fruto dessa miscigenação deixou a duvida para muitos brasileiros: afinal, qual é a minha cor?
É um assunto complexo, muitos estão pesquisando e falando sobre isso nos dias de hoje. Um dos caminhos para uma discussão mais aprofundada sobre o tema é o novo filme de Mauricio Costa “Autodeclarado”, que discute colorismo, cotas e o mecanismo que as universidades e outras instituições públicas estão usando para “comprovar” o que uma determinada pessoas declarou quando se candidatou para uma vaga.
Muitas das pessoas que estão discutindo sobre a questão da população negra no Brasil é entrevistada no documentário, a lista é extensa e conta com Frei Davi (EDUCAFRO), Prof. José Vicente (Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares), Benedito Gonçalves (Ministro do STJ), Spartakus Santiago e Winnie Bueno (ambos influenciadores negros de grande alcance entre o público-alvo do filme), Natalino Salgado (Reitor da UFMA), e Demétrio Magnoli (sociólogo e jornalista). Todas essas pessoas colocam os seus pontos de vista sobre o tema do colorismo e o ponto principal que faz girar o documentário: as comissões de verificação.
Inclusive o documentário parte de uma encenação de como é feito uma apresentação e posteriormente uma reunião dessas comissões, e a partir daí discutem não só a importancia que essas comissões tem nos dias de hoje, como também expõe algumas críticas e problemáticas que podem surgir delas. Um dos pontos de partida dessas problemáticas são expostas por pessoas que tiveram a experiência de passar por essas comissões e não foram reconhecidas como pessoas negras.
“Autodeclarado” não pretende colocar um ponto final neste debate e sim colocar questões sobre um assunto tão importante para a sociedade brasileira – e mundial – que são as politicas públicas para pessoas não brancas. É um filme que joga luz e duvidas nesse debate que está tão presente nos dias atuais. Mauricio Costa consegue nos prender e nos fazer ficar horas refletindo sobre o que vemos e ouvimos durante o documentário, é um filme que tanto pelo assunto quanto pelo trabalho do diretor não acaba no “fim”.