Começando o período de premiações e da lista dos indicados ao Oscar deste ano, começa também a busca para nós, cinéfilos, para assistir os filmes que estão concorrendo, pelo menos aqueles que estão disputando o prêmio mais importante da cerimônia, o de Melhor Filme.
Um desses filmes e que está disputando três estatuetas é “No Ritmo do Coração“, dirigido por Sian Heder e que adapta o filme francês “A Família Bélier”. Em ambos os filmes vemos a história de uma família composta por Pai, Mãe e Irmão surdos e a irmã escuta. No filme americano a família trabalha com pesca e fica a cargo de Ruby (Emilia Jones), a irmã, a tarefa de ser a intermediária entre os outros pescadores – e toda a sociedade – e seus pais.
Em meio ao trabalho desgastante e problemas escolares, Rudy adora cantar. Faz isso sempre que pode. Canta quando está no mar, canta quando está sozinha. Quando ela entra no coral da escola e o professor responsável (Eugenio Derbez) vê nela um grande talento, decide ajudá-la a entrar em uma faculdade cultuada de música. No entanto, o trabalho com o seu pai (Troy Kotsur) e seu irmão (Daniel Durant) faz com que a presença dela seja necessária, já que eles não podem navegar e pescar sem uma pessoa que possa escutar o rádio e todos os outros sons do barco.
E é aqui que começa o drama da história. Rudy não pode ir para a faculdade sem deixar os seus pais, mas viver ali presa naquela vida não parece ser uma opção que a deixe feliz. A dúvida sobre qual escolha fazer é o que motiva toda a história. Por um lado, vemos o quanto toda a família, o emprego e o sustento de todos ali depende da presença dela. E do outro, o talento para o canto de Rudy é demonstrado e entusiasmado por todos a sua volta. Isso dificulta ainda mais a escolha que ela tem que fazer.
Esse talento só não é percebido pelos seus familiares, por questões óbvias, já que eles não pode escutá-la. Mas, talvez uma das cenas mais bonitas do filmes, é quando o pai percebe não só o talento da filha, mas o quanto aquilo é importante para ela. Ele procura sentir a vibração das cordas vocais no pescoço de Rudy, enquanto ela canta uma música sobre sacrifícios. Nessa momento o pai percebe que não pode impedir a filha de correr atrás de seus sonhos.
Cabe lembrar que Troy Kotsur, ator responsável por dar vida ao pai nessa história, é o primeiro ator surdo a ser indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
Um bom filme sobre música consegue misturar as letras, canções, batidas, sons, acordes e tudo mais com a sua narrativa. “No Ritmo do Coração” consegue nos emocionar com a música e com o silêncio, com o gesto e com o olhar, de Marvin Gaye a Joni Mitchell. É um drama da melhor qualidade.