De todos os filmes que eu vi, talvez o que mais tenho revisitado nos últimos anos foi “Suspiria” do grande mestre do horror italiano Dario Argento. E esse é um daqueles filmes que sempre que vejo percebo uma coisa nova e acabo gostando ainda mais dele. Talvez por isso é o meu filme favorito da década de 1970.
O filme conta a história de uma jovem dançarina americana que vai até a Alemanha estudar balé. Assim que ela chega já se depara com assassinatos e um ambiente muito suspeito por parte das pessoas que comandam e frequentam a academia de dança. Até aí não sabemos, mas logo descobriremos que se trata de um antro de bruxas.
Há muito o que se falar do filme de Argento, inclusive que no ano de 2018 rendeu uma adaptação feita por Luca Guadagnino e que, particularmente, não sou muito fã. Decidi então focar em duas cenas que expõem toda a arte do diretor e de como ele domina toda aquela história. A primeira é literalmente a cena de abertura, vemos Suzy (Jessica Harper) chegando no aeroporto e enquanto o plano dela caminhando nada acontece, quando o plano muda para a saída vemos a música tocar. A porta automática fecha e a música para e recomeça quando a porta abre novamente. Como se para além daquela porta estivesse um mundo fantástico, que ela vai entrar, é algo simples e ao mesmo tempo muito significativo.
A outra cena é quando as dançarinas estão acampando na quadra da academia, elas estão conversando sobre os acontecimentos misteriosos que elas estão passando e vemos o suspense crescer enquanto elas conversam e as professoras andam pela escola. Há também uma respiração rouca e que faz tudo ainda ficar pior.
Tudo isso envolvido por cores e músicas típicas do cinema de horror italiano e de Dario Argento. No entanto, cabe aqui uma observação polêmica, “Suspiria” não é um filme giallo e sim um filme sobre bruxas. Está dentro do campo fantástico, o que acaba retirando-o da mesma categoria que os filmes de suspense policial de horror italiano coloridos que conhecemos.
“Suspiria” de 1977 de Daria Argento é um filme que pode ser visto em todas as épocas, ele não vai deixar nada a desejar em sua qualidade. É um clássico absoluto do horror.
Texto originalmente publicado na coluna Mundo Fantástico na página do Cinefantasy no dia 11 de outubro de 2021.