Quem nasceu ou cresceu durante os anos 1990 em uma região periférica do Brasil com certeza conviveu com o movimento rap. Seja ouvindo as musicas, vendo grafites e pixos, vendo danças nas escolas, ou outras manifestações. Em uma ou todas as formas, é certeza que em algum momento da vida esbarrou com essa cultura. “Histórias e Rimas – o filme” é dirigido por Rodrigo Giannetto e trás entrevistas realizadas entre os anos 2009 e 2019 com diversos nomes do rap nacional e internacional onde ouvimos suas falas sobre as trajetórias, rimas, histórias, culturas e a importância que o rap teve na vida de todos eles.
No final do ano passado o documentário “Emicida -AmarElo” foi lançado pela Netflix e demonstrou ali o quanto a musica e a cultura rap foram e são importantes para a sociedade, que o rap possui um papel necessário nas periferias do Brasil e na vida de muitos jovens. Comecei citando o documentário do Emicida, pois no inicio de “Histórias e Rimas” vemos ele jovem, provavelmente no ano de 2009 (no documentário não deixa especificado em que ano do período foram realizadas as entrevistas), mas já afiado em suas ideias.
Em contrapartida, pensando nos dias atuais e em como estão a visibilidade desses artistas, temos Karol Conka e Projota, falando sobre suas trajetórias na musica, suas histórias de vida, suas rimas e o papel que o rap tem na vida de cada um. Não são aqueles personagens que se perderam em um reality show, são pessoas que tiveram conquistas reais através de suas musicas e que tocaram em algum momento o povo periférico.
Há também outros artistas trazendo reflexões importantes, rappers de peso para a cultura e a história do movimento. GOG, Mano Brown, KL Jay, Ice Blue, Dexter, Ndee Naldinho, entre tantos outros. A lista é imensa e todos eles tiveram uma grande contribuição para a cultura.
Rodrigo Giannetto consegue em seu filme resgatar esse pensamento combativo e de amor pelo povo da periferia que o rap sempre teve. Mostra que sabemos que vivemos em situações precárias, entendemos que a culpa é de um sistema, mas que há orgulho no povo e pelo povo que lá mora, existe e resiste.
Deixando de lado o distanciamento entre critico e obra, preciso dizer que cresci, vivi e vivo na periferia de São Paulo, “Histórias e Rimas” me lembrou da primeira vez que tive contato com o rap, foi com a musica “Dá Ponte Pra Cá” do Racionais que estava perdido em um dos poucos computadores que funcionava na escola. Lembrar disso foi maravilhoso.
Você consegue assistir ao filme no dia 25 de Junho no Festival In-Edit Brasil 2021 a partir das 22h com acesso gratuito.