Poucas vezes eu vi um final tão aterrador e destruidor como o final de “O Nevoeiro” dirigido por Frank Darabont que adapta um conto de Stephen King. Se você já viu o filme sabe muito bem do que eu estou falando.
Para além do final, toda a história é muito interessante e conseguimos fazer diversas correlações com o mundo em que vivemos, ainda mais em um contexto de pandemia.
Assim como o que estamos vivendo nos dias atuais, em “O Nevoeiro” os personagens são obrigados a se isolar e temer aquilo que está do lado de fora, no nosso caso é um vírus invisível, já na ficção são monstros que se escondem na névoa. Em ambos os casos basta um erro para o pior acontecer.
O isolamento causado no filme acontece dentro de um supermercado e transforma aquele ambiente em uma representação da sociedade com todas as suas problemáticas e contradições. A começar, o primeiro problema enfrentado na história são os negacionistas que, apesar de tudo, desacreditam de todas as evidências que comprovam que existe um enorme perigo do lado de fora.
Depois de comprovados todos os perigos e dos negacionistas terem saído do supermercado começa o segundo problema: os fundamentalistas. Esse grupo começa a se utilizar do medo e desespero das pessoas para usá-las para satisfazer suas próprias vontades, a partir de agora a situação muda e por conta disso se isolar junto com aquelas pessoas se torna tão ou mais perigoso do que aquilo que está do lado de fora.
Diante de tudo isso os personagens decidem sair daquele local e tudo se encaminha para o final desesperador que eu citei lá em cima.
Apesar de ser um filme de 2007 os acontecimentos de “O Nevoeiro” dialogam muito bem com os acontecimentos que estamos vivenciando nos dias pandêmicos. Além de tudo isso é um ótimo filme de horror.
Texto originalmente publicado na coluna Mundo Fantástico na página do Cinefantasy em 15 de Fevereiro de 2021.