O que eu ouvi sobre o novo filme de Darren Aronofsky era de que o filme era triste e/ou que era brega. Pensei que seria ou uma coisa ou outra, mas na verdade o filme consegue ser às duas coisas ao mesmo tempo. E ainda mais, a obra consegue ser esperançosa e otimista.
Antes de mais nada uma explicação aqui de que eu não considero “brega” um adjetivo ruim. Muito pelo contrário, quando um filme consegue utilizar bem uma breguice eu me sinto ainda mais conectado com aquela história que eu estou assistindo. E, sendo brega, consegue potencializar mais e mais os sentimentos que estão sendo expostos ali na tela. Cabe a nós, que estamos assistindo, se vamos entrar no jogo e nos deixar levar ou vamos ficar reticentes e resistentes aos sentimentos e a própria breguice. Mas, somente em uma dessas opções você assiste ao filme e realmente sente o que foi proposto pela obra.
E foi assim que me propus a ver o filme: me jogando no sentimento e na breguice da história. Com isso fiquei meloso, com vontade de chorar e um pouco otimista com a vida e com as pessoas.
A história do filme é difícil de se assistir e é extremamente triste. Vemos um homem, professor de redação, e que está em um estágio de obesidade mórbida, este homem é Charlie e é interpretado por Brendan Fraser em uma atuação que vem sendo elogiada por muitas pessoas. O filme é baseado em uma peça do dramaturgo Samuel D. Hunter. Na obra vemos este homem que já não pretende mais continuar vivendo e que pretende nos últimos dias da sua vida tentar se reconectar com a sua filha depois de a ter abandonado junto com sua mãe para viver um amor com um homem que era seu aluno.
Charlie não é um personagem construído para ser perfeito, nem para ser uma pessoa maldosa, ele simplesmente é um ser humano. Que errou ao longo da sua vida e está, nos momentos finais, confrontando-se com estes erros. Para ser perdoado? Não me parece ser o caso. Ele só quer que a pessoa que ele ama e que machucou muito com suas ações fique bem após a sua partida.
E, para ser sincero, não entendi muito do que foi dito de negativo sobre o filme. Não vi nos exageros o sadismo que muitos acusaram Aronofsky. Vi a construção de um personagem que passou por diversas situações e que chegou até o estado em que vimos exatamente por conta das ocasiões e escolhas da sua vida.
Charlie é uma pessoa machucada pela vida. Encontrou o amor e para vivê-lo teve que abdicar da sua família. Seu amor foi tirado dele pelo preconceito revestido de religião. E mesmo após isso, mesmo após apanhar de tudo quanto é lado, ele ainda acredita em uma bondade humana, ele ainda acredita que as pessoas podem ser boas e que quando elas são más, só praticam esse mal por terem sido machucadas anteriormente.
Essa mensagem é positiva? Não sei, acredito que não. Mas ao mesmo tempo é um modo otimista de ver o mundo, a vida e a humanidade. A cena final é brega e fecha todo o filme com uma mensagem positiva e de transformação, uma ascenção que o personagem não acredita que exista – e que se existir ele não é merecedor daquilo.
Não sou um grande fã do Darren Aronofsky, nem ao menos sei se gostei tanto assim de “A Baleia”, a única coisa que tenho certeza é que o filme mexeu comigo.