Muitos colegas da crítica estão escrevendo sobre a importância de David Lynch para as suas respectivas formações, sejam elas enquanto cinéfilos, críticos, humanos e etc. É algo interessante de se observar. Lynch é um daqueles diretores que é impossível passar despercebido para qualquer pessoa que tenha alguma relação com o cinema, seja ela qual for. Não só com o cinema, com as imagens de modo geral. Suas criações marcaram pessoas de todos os lugares ou idades e gostos.
Em momentos de perda de pessoas tão importantes para uma arte, vemos o quanto somos ligados por esse fio condutor que nos leva a escrever, ler, ou só assistir alguma obra. Enxergamos nos outros semelhanças com as nossas próprias histórias. Lendo relatos de como um colega chegou e percebeu um determinado filme, parece que estamos vasculhando a nossa própria memória, só que com outras palavras que não são nossas.
Como um cinéfilo que adora filmes fantásticos e obras estranhas, Lynch sempre foi uma escolha segura. Saberia que, mesmo quando não gostava tanto assim de um filme, poderia tirar pensamentos interessante de algumas de suas imagens. E, quando o filme era algum que eu já gostava, tinha certeza que ia redescobrir os motivos que me fizeram ter aquele sentimento. Em algum momento ia encontrar um novo elemento ou coisa assim.
O nome deste blog tem “dialética” por eu entender que tanto a crítica quanto a própria cinefilia é algo que está sempre em movimento. A obra de Lynch é um exemplo de obra que está sempre em movimento. Você nunca pode assistir ao mesmo filme duas vezes. Nem você é o mesmo e nem o filme é, é sempre algo novo, sempre uma experiência nova. O cinema/Lynch, é representação visual de dialética.
No ano passado assisti um filme dele aleatoriamente. Não foi nada programado, estava em casa e pensei que fazia tempo que não assistia a nada de David Lynch. Escolhi “Estrada Perdida” e escrevi essas palavras aqui no Letterboxd quando terminei de ver o filme:
“Assistir filme do David Lynch é realmente uma experiência. Estrada Perdida é maravilhoso. Você vai se jogando na história, vai entrando naquela imagens psicodélicas, vai juntando as peças do quebra cabeça e vai seguindo. Esse aqui tem cenas maravilhosas, lindas e incríveis mesmo.
Também te deixa com muita vontade de rever outros dele. Terminei o filme com a certeza de que eu deveria rever Mulholland Drive.
Acho que Lynch é o diretor que os filmes envelhecem melhor. Um filme que antes era bom, com o passar dos anos, com as experiências (de vida e de cinema) adquiridas, faz com que o filme fique ainda melhor. Já gostava de Estrada, agora então, virou um dos meus favoritos.
Já fiquei ansioso pela próxima vez que eu vou assistir a esse filme.”
Acabei não revendo Mulholland Drive em 2024, ficou para 2025. Acredito que o filme vai continuar incrível, talvez eu goste mais dele agora do que na última vez que eu revi, e eu já amava o filme (é bem provável que isso aconteça com base em experiências anteriores). A diferença é que a revisão vai ter um “gosto amargo” por não ser mais a obra de alguém que está entre nós.