No último Dialética Crítica do ano eu converso com o querido e amigo Álvaro, editor da revista Pós Créditos. Álvaro realiza um trabalho interessantíssimo na revista, tanto discutindo cinema, novela, como também a própria crítica de cinema.
Além de textos, ele organizou listas bem interessantes no site, tive o prazer de colaborar em uma sobre referências de críticas e textos sobre cinema. Também colaborei em uma publicação de textos sobre as cinefilias possíveis que foi organizada por ele.
Você pode conhecer todo o trabalho dele neste link aqui da Revista.
ENTREVISTA
Euller Felix: Você além de escrever críticas de cinema, escreve também sobre novela, né? Recentemente, teve um projeto bem bacana com os capítulos da novela Renascer. Pode falar um pouquinho da experiência, sobretudo pensando nas diferenças entre as abordagens com o cinema e com as produções como as novelas?
Álvaro André Zeini Cruz: Acho que partir do começo, contando as coisas com alguma linearidade, ajuda a entender um pouco essa trama entre cinema e telenovela. Minha relação com a televisão (inclusive com as novelas) é anterior à que tenho com o cinema. Fui criado numa cidade de 40 mil habitantes, aqui no interior de São Paulo, e lá, o cinema era também o teatro municipal e só havia exibição de filmes aos finais de semana. A programação, já dá para imaginar, estava sempre atrasada (o que, por outro lado, fazia com que algumas estreias se tornassem verdadeiros eventos). Nesse cenário — infância em cidade pequena, anos 1990 —, a televisão acabou virando minha principal companheira; até porque eu nunca gostei de bola, de esportes. Como os tempos eram outros, eu assistia de tudo; dos Power Rangers (meus heróis da infância) às novelas. As primeiras que me lembro de ter visto inteirinhas foram O Fim do mundo, de Dias Gomes (uma novela tapa-buraco, com apenas 35 capítulos), e O Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa. Foi a partir daí que a escrita — ou o desejo pela escrita — começou a aparecer: cismei que queria escrever novelas e tinha um caderno de 20 matérias em que eu brincava de escrevê-las.
A relação mais profunda com o cinema veio só na adolescência, já morando em Bauru. Eu tinha uma locadora a três quadras de casa e as quartas-feiras eram uma festa: você locava 4 filmes, pagava 3 e podia ficar até o final de semana. Como era uma locadora pequena (dessas de fundo de posto de gasolina), e eu era frequentador assíduo, os lançamentos já não bastavam; então, logo passei aos (poucos) títulos mais alternativos à disposição, ou aos filmes do chamado catálogo. Foi nessa época que tive meus primeiros blogs (Blig, o blog da Ig), onde arriscava pequenas resenhas, proto-críticas, dessas em que você descreve a história, dá um pitaco e pronto. Foi também quando comecei a ler crítica. Aquele desejo/presságio infantil meio inconcreto do “quero-ser-roteirista-vou-escrever-uma-novela-no-meu-caderno-Tilibra” acabou abrindo um caminho que acho que ninguém levava muito a sério (nem eu).
Cursei o bacharelado em Cinema e Vídeo na Faculdade de Artes do Paraná (hoje Unespar) entre 2006 e 2009. Descobri, obviamente, que meu conhecimento sobre cinema era bastante incipiente, então a faculdade foi o início de um processo (interminável) de formação de repertório de fato. Durante o curso, criei um blog um pouco mais estruturado, que durou um pouco mais e me abriu portas: passei a escrever no Descubra Curitiba, um desses portais culturais que se popularizam nos anos 2000, no caso voltado à agenda curitibana. Depois, passei a colaborar bastante com a RUA (Revista Universitária do Audiovisual) e, por fim, em 2014, criei a Pós-créditos, que completou 10 anos agora (mas essa história é de outra questão).
Indo ao centro da pergunta (tive uma supervisora acadêmica que dizia que eu era muito prolixo, o que já dá para notar): acho que escrever sobre novela tem semelhanças e distanciamentos com a escrita sobre cinema. O trabalho que me propus a fazer este ano foi o de perseguir a novela, essa dramaturgia incessante, que, mesmo quando reiterativa, não para. Nesse sentido, acho que uma fala do Matheus Nachtergaele, numa mensagem que trocamos, me ajudou a pensar esse trabalho. Nesse áudio, o Matheus me disse: “O meio da novela é o meio do mar. Agora a gente já avista o farol da outra ilha, do outro lado, mas a gente percebe que ainda está longe. Reina um certo cansaço e esse tipo de carinho ajuda a remar”. Acho que isso me ajudou a entender essa crítica que chamei de folhetinesca: cada capítulo era uma remada, era entender como estava o mar naquele dia para, então, entender como colocar o remo na água. Claro que tudo isso apertando a crítica nas brechas da rotina, tentando não perder o ritmo dado pela própria novela. Ou seja: correria, noites mal dormidas, ideias fervilhando a cabeça e, claro, nenhum tostão, porque é assim que a maioria da crítica se faz hoje em dia. Comparando com o cinema, penso que a crítica que faço a um filme é menos remada e mais mergulho; mesmo que você volte a escrever sobre determinado filme, é um novo mergulho, sob a consciência de que a substância da obra muda porque a nossa substância também muda.
Indo de uma metáfora à outra, uma vez escrevi num editorial da Pós-créditos que a crítica é a múmia mal-acabada de um mundo percebido, mas uma múmia que deixa um pedaço de bandagem para ser puxado, um fiapo para desenrolar e reemaranhar a obra, numa dança sem fim. Acredito nisso, que a crítica é esse decalque de um olhar; e o olhar (qualquer olhar) sempre envolve sujeito e objeto. No caso da crítica, é preciso algum desprendimento, alguma generosidade de compartilhar esse encontro, muito embora eu também ande escrevendo por um motivo bem egoísta — minha memória é ruim e, quando escrevo, as coisas se assentam melhor. Mas vou para a próxima, pois já começo a divagar…
Euller Felix: Aliás, seu doutorado é sobre novelas e seu mestrado é sobre crítica. Pode nos contar um pouquinho sobre eles e como foi a sua trajetória para chegar nesses dois assuntos?
Álvaro André Zeini Cruz: Eu não tinha perspectivas concretas de seguir pelo caminho acadêmico, pelo menos não foi algo que despontou na graduação. Não fiz iniciação científica, nem tive um contato mais profundo com o texto científico à época. Pensando agora, talvez uma faísca tenha se acendido bem no finalzinho, no meu TCC, porque tive um orientador, o Prof. Pedro Plaza, que era excelente, um baita acadêmico (aliás, tive essa sorte meio rara de só ter me deparado com orientadores de verdade ao longo da minha vida acadêmica). Quando terminei a faculdade, fui fazer uma pós em roteiro em São Paulo e comecei a trabalhar como roteirista. Eu tinha muitos amigos da Unicamp e, como estava perto, comecei a pensar na possibilidade de tentar um mestrado por lá. Comecei em 2011, acumulando a pós lato sensu com a stricto sensu. Minha pesquisa sobre crítica foi orientada pelo Prof. Fernão Ramos e, de certa forma, retomou algo que fui alimentando durante a graduação — a leitura da crítica. Na adolescência, comecei a ler crítica pelo Cinema em Cena, do Pablo Villaça, mas logo (acho que no início da faculdade) cheguei à Contracampo. Assim, passei a me formar também pelas leituras dessas revistas online, contemporâneas à minha graduação. Foi sobre esses sites e revistas de crítica — Contracampo, Cinética, Cinema em Cena, Cinequanon, Paisà, etc. — que me debrucei. Pensando que é uma crítica muito devedora ao referencial francês e à centralidade da mise en scène, logo esse foi um tema que passou a me interessar; a leitura dos livros de David Bordwell e Jacques Aumont, no mestrado, também colaboraram com esse interesse. Quando defendi a dissertação, achei que era a hora de voltar ao meu interesse primordial — a telenovela.
Isso se deu um pouco porque Renascer tinha sido reprisada e, eu, atento às questões de como pôr em cena e por quanto tempo deixar (como diz Rohmer), me encantei pela novela, dirigida pelo Luiz Fernando Carvalho. Submeti o projeto ao Prof. Gilberto Sobrinho, também do programa em Multimeios da Unicamp. Mas encontrar o caminho para uma tese é outra jornada, bem diferente de uma dissertação. Cheguei fascinado com as questões do estilo, mas o Gilberto me provocava que esse deveria ser o ponto de partida e, talvez, de chegada, mas que a tese precisava descobrir outras coisas, passar por outros lugares. Nesse sentido, a pesquisa me levou a estudar questões socioculturais como a cordialidade e o processo de modernidade brasileira. O caminho foi um pouco esse: partir do estilo, entendendo-o como pele, para, então, descobrir o coração da novela, estudar as pulsações e, só então, voltar à vibração da pele, das imagens e sons. Minha tese é de que Renascer tem a cordialidade — do “homem cordial”, de Sérgio Buarque de Holanda — como principal valor narrativo, mas extravasa (de maneira exibicionista) nas imagens a modernidade do Padrão Globo de Produção.
Resumindo: quis estudar crítica e saí com mais dúvidas do que quando entrei, mas, com o tempo, entendi que a crítica demanda essa crise constante, que vai se retroalimentando e se transformando. Algumas coisas se apazíguam, outras nem tanto; por exemplo, há uns anos eu sequer ousava dizer que era crítico, porque não conseguia responder se eu supria os conhecimentos e habilidades necessários (como se houvesse uma cartilha, um checklist para isso). Hoje, isso se aquietou. Sobre a novela, foi meio inescapável, e o acaso me colocou essa, Renascer, que, coincidentemente, é uma das minhas primeiras memórias televisivas (começo a tese contando essa história, a lembrança que tenho de ver uma cena na sala da casa de meus avós).
Euller Felix: Você atualmente é editor da Revista Pós Créditos, pode contar um pouco sobre a história da revista e da sua história com ela?
Álvaro André Zeini Cruz: A Pós-créditos nasceu de um edital interno que havia na Unicamp, para fomentar projetos extensionistas com aspectos culturais. Submeti um projeto que propunha a criação de uma revista dedicada à crítica, com um corpo de redatores dos cursos de Multimeios (pós) e Midialogia (graduação). Começamos em cinco: eu, o Gabriel Carneiro (que editava comigo), a Marcela Grecco, o Renato Coelho e o Phillippe Watanabe, que era da Midialogia. Dividíamos uma bolsa de R$ 500,00, o que dava R$ 50,00 por texto (cada um publicava dois por mês). Quando a bolsa acabou, continuamos tocando a revista — com chegadas e partidas — por dois anos. A Juliana Maués, que havia sido minha colega de mestrado no Multimeios e fazia doutorado no programa de História da Arte da Unicamp, passou a editar comigo.
Em 2016, algo incontornável se impôs: precisávamos nos dedicar às nossas teses e, por isso, decidimos encerrar a produção da revista, deixando no ar o que havia sido escrito. Defendi minha tese em 2018 e, até 2021, fiquei meio órfão, escrevendo uma coisa aqui, outra ali, geralmente em redes sociais. Percebi que, mesmo desativada, a Pós-créditos tinha uma visitação crescente ano após ano, graças a esse reservatório crítico que deixamos ali. Se o hiato foi inevitável, também foi inescapável trazê-la de volta em 2021, quando passei a tocá-la de forma independente e praticamente solo. Hoje, a Pós-créditos aceita colaborações, mas vive muito do que escrevo. O projeto com Renascer também operou uma inversão: se o Instagram da revista antes era uma mídia auxiliar, agora ele opera de igual para igual com o espaço oficial da publicação.
No mais, minha história com a Pós-créditos é que ela é um bom pedaço da minha história profissional: foi nela que coloquei aqueles que considero meus melhores textos; é nela que sigo aprendendo a escrever cinema, tendo como pressuposto de uma crítica que entende que chega ao texto aqueles que ultrapassaram os créditos, que viram o filme. É essa crítica que defendo.
Euller Felix: Pensando nas suas referências, quais são os textos ou livros fundamentais para a sua visão de crítica e de cinefilia como um todo?
Álvaro André Zeini Cruz: Na época da graduação, o que aparecia de oficina de crítica eu fazia: fiz uma do Cléber Eduardo, o curso do Pablo Villaça, mas a que mais me impactou foi uma com o Luiz Carlos Oliveira Jr., que depois foi meu professor de crítica na faculdade e é, até hoje, uma referência para mim, como crítico e professor. Ainda lembro dos filmes e da maneira como o Luiz Carlos falava deles; mesmo que parte do vocabulário me fosse inacessível aos 18, 19 anos, era algo meio hipnótico porque transbordava essa paixão tão singular da cinefilia.
Também nessa época, brinco que tive um professor paralelo: o Alexandre Garcia, que foi meu colega de classe e é um dos meus amigos mais antigos. O Alexandre era um dos cinéfilos mais dedicados da nossa sala e sempre ficava me provocando a ver filmes. Muito do que vi veio das nossas conversas e dos e-mails que seguimos trocando falando de filmes, depois que nos formamos. Hoje ele é professor na Unespar e continuamos falando de filmes, só que por Whatsapp que é mais fácil. Aliás, eu, ele e o Luiz Carlos fizemos juntos uma apresentação sobre Mad Men na Socine, há uns anos.
Dito isso, muitas das minhas referências vieram dessa galera das revistas online: Contracampo, Cinética, Paisà, Cinequanon, Filmes Polvo… No mestrado, entrevistei muita gente daí — Valente, Ruy, Sérgio Alpendre, Fábio Andrade, Daniel Caetano, Filipe Furtado, Francis (que depois virou meu colega de firma) —, e essas conversas impactaram muito no que penso sobre a crítica ainda hoje.
Nesses cursos e oficinas que fiz, fui chegando a textos centrais, como A Arte de amar, Da Abjeção, Bazin, Daney. Aliás, acho que tem um trabalho valioso da Contracampo (em diferentes fases), do Luiz Soares Jr., da revista Madonna, da Foco, de traduzir muitos desses textos (e esse trabalho de recuperação também começa a aparecer no Letterboxd). Nos últimos dois anos, fizemos (você inclusive, Euller) na Pós-créditos essa pauta das críticas essenciais na formação dos críticos. As indicações que vieram formaram um recorte bibliográfico bem profundo e diverso para quem se interessa pelo ofício.
Para além desse pessoal que citei, tem o Inácio Araújo, que equilibra paixão, lucidez e síntese de maneira admirável (invejável até). Aliás, essa questão da síntese é delicada para mim: sou prolixo e costumo ficar insatisfeito com meus textos mais curtos, porque acho que eles não chegam aonde devem. Nesse sentido, acho que melhorei um pouco depois que passei pelo Talent Press: A Amanda Aouad foi minha tutora no laboratório e me ajudou muito a trabalhar o texto de forma mais direta, mais econômica. O Pedro Butcher, que é coordenador do Talent, também é uma pessoa que me ajudou muito a pensar nas funções desse nosso ofício, além de ser uma das pessoas mais acessíveis e generosas que a crítica me apresentou.
No mais, embora hoje eu já não leia crítica com a mesma voracidade, sigo acompanhando os textos do Sérgio, do Filipe, do Arthur Tuoto, do pessoal da Madonna, do À Pala de Walsh. Ah, já tinha lido uma coisa ou outra, mas estou fascinado com a crítica da Andrea Ormond, que consegue um estilo a um só tempo ácido e arejado, com um vocabulário sempre saboroso (ela acabou de lançar uma coletânea que reúne sua produção crítica acerca do cinema brasileiro).
Dos livros mais teóricos, eu gosto muito dessa perspectiva que começa pela forma, então Bordwell é incontornável, assim como, na televisão, seu “herdeiro”, Jeremy G. Butler. Ando muito interessado também na questão da descrição, porque meu estilo tem ido para esse lado. Sontag defende muito bem isso em Contra a interpretação. Também nesse sentido, acabei de ler o livro novo do Timothy Corrigan, Describing Cinema, que traz uma crítica descritiva belíssima a um dos filmes da minha vida, Agora seremos felizes, do Minnelli. Adrian Martin e Andrew Klevan também têm bons textos sobre a descrição como ato crítico no The language and style of film criticism.
Agora, essa coisa dos livros depende muito daquilo em que estou atuando: em sala de aula, por exemplo, uso o A Narrativa visual, do Bruce Block, em mais de uma disciplina. Para pensar o roteiro, tem esses caras inescapáveis (Field, McKee, Truby), mas gosto muito de um livro chamado Aristotle in Hollywood, do Ari Hiltunen. Também tenho me interessado cada vez mais por livros que pensam a escrita a partir da literatura, como o do Stephen King, o da Anne Lammot, o da Elena Ferrante, o do Murakami. Murakami é um dos meus autores preferidos.
(Essa resposta virou o que meus alunos apelidaram de “alvorada”, que é quando começo a divagar e vou indo de uma digressão à outra).
Euller Felix: E para você, qual é a função da crítica de cinema?
Álvaro André Zeini Cruz: O Daney fala que a crítica é uma carta aberta ao autor. Gosto muito dessa ideia, mas prefiro pensar que ela é uma carta aberta à obra, porque tira um pouco a pessoalidade da autoria e me parece uma maneira mais generosa e mais complexa de propor esse encontro. Então, a crítica é essa carta posta na garrafa, jogada no oceano da obra, mas que será lida por outros navegantes (ou náufragos), e que, portanto, encontrará outras ondas, outras crises e sensibilidades. Ela existe pelo filme, carrega um pouco do filme, mas é outra coisa porque também tem a subjetividade de quem a escreveu; e a nossa subjetividade é essa formação incessante, que contém todos os nossos encontros e confrontos com o mundo, inclusive com o filme em questão, que está transcriado na crítica. A partir disso, acho que a crítica tem que descrever da maneira mais respeitosa possível aquele meu contato com o filme, entendendo que essa descrição é uma nova escrita, uma nova criação, com novas possibilidades. Por isso, me interessa pensar a crítica mais como literatura (portanto, como arte) do que pela perspectiva do jornalismo cultural, que, no geral, acaba reduzindo-a ao consumo, à indicação (por isso também que, quando falo em vídeo, defendo que estou mais próximo do que faço em sala de aula do que da crítica, ainda que haja crise). O Inácio fala que a crítica não é para o consumidor, mas para o cidadão, para fomentar a cidadania das pessoas. Ou seja, a crítica tem por vocação reconectar o filme ao mundo, partir dele para lembrar que ele é uma peça desse mundo que olhamos com diferentes sentidos. Vou por essa linha, acreditando no caráter pedagógico da crítica, sem achar que ela precisa pegar na mão do leitor, ficar fazendo concessões. Ora, se o leitor é esse “intruso convidado” que tirou a carta da garrafa, ele que se esforce um pouco. Se eu me esforço e me exponho, o filme se esforça e se expõe, o leitor que se disponha a fazer o mesmo! Ou que vá ler outras coisas, afinal, o que mais tem por aí é crítica (algumas entre aspas) para todos os gostos.