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Por Euller Felix

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Tempo

Posted on 4 04+00:00 Agosto, 2021

Em alguns filmes de M. Night Shyamalan importa mais como o elemento estranho se desenvolve nas obras do que o que é esse elemento estranho. Explico com dois exemplos: em “O Sexto Sentido” importa mais a relação entre Cole (Haley Joel Osment) com o Dr Malcom (Bruce Willis) do que o fato de que ele vê gente morta. Já em “Fragmentado” importa mais a relação entre de Kevin (James McAvoy) com as suas diferentes personalidades e de como a relação entre ele e Casey (Anya Taylor-Joy) se desenvolve do que com o caráter fantástico dessas personalidades.

“Tempo” não é diferente. Seja nos trailers ou nas pequenas sinopses que foram sendo divulgados o elemento fantástico já era de conhecimento público: existe uma praia onde o tempo passa de uma forma não convencional, as pessoas envelhecem anos em questão de horas. Esse não é o ponto importante do filme e sim como as pessoas, as personagens do filme se comportam frente aquela situação. É quase como um estudo sociológico de uma pequena sociedade que se criou ali. Tanto que o motivo do envelhecimento das pessoas que estão ali na praia é “descoberta” na metade do filme. Não é uma explicação completa daquele fenômeno, mas é algo que faz sentido dentro do filme, que é onde as coisas tem que fazer sentido.

Basicamente vemos uma vida da infância a velhice de um grupo de pessoas em uma tarde. Entendemos que todos aqueles grupos tem algo em comum: todos eles tem algum tipo de doença (nenhuma em comum) e vemos elas se desenvolvendo e envelhecendo junto com as pessoas. É aí que “Tempo” fica interessante. No desenvolvimento das pessoas e das suas respectivas doenças.

Normalmente quando envelhecemos carregamos não só o tempo, mas também mudanças nas formas como pensamos e isso é exposto nas relações das crianças do grupo. Elas envelhecem no corpo e na mente, elas não só se parecem mais velhas, como também pensam como pessoas mais velhas do que a sua verdadeira idade, tem sentimentos e desejos de pessoas mais velhas. O primeiro suspense sobre relações é construído através daí.

Por outro lado há um suspense criado em cima do psicológico das personagens. Não só por conta da situação atípica que estão vivenciando, mas também pelo fato de que uma das pessoas na praia tem uma doença psiquiatra. Uma mistura de demência com uma agressividade contra tudo e todos que ameaça a segurança daqueles habitantes.

Algumas escolhas de Shyamalan também merecem destaque. Ele não filma as partes mais grotescas e explícitas do filme. Ele não detalha o que está acontecendo, ele procura focar apenas no olhar e no rosto das personagens. Ali está o horror, nós não vemos concretamente, mas ele está ali. Em todas as cenas em que ele procura fazer esse jogo de suspense, pelo menos para mim, foi um sucesso e só aumentou ainda mais minha curiosidade com toda aquela história.

Durante a semana vi muitos comentários negativos a respeito de “Tempo”, no entanto, fico feliz dele agora ser o último filme de Shyamalan que eu vi no cinema. O último havia sido o péssimo “Vidro”, troquei por um filme melhor. Não é o melhor do Shyamalan, mas ainda assim é um bom filme.

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